Foto: Tuerê



NOTAS SOBRE:


"A maior necessidade do mundo é a de homens; homens que não se comprem nem se vendam; homens que no íntimo da alma sejam verdadeiros e honestos; homens que não temam chamar o pecado pelo seu nome exato; homens cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao polo; homens que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus" - Ellen G. White.



sábado, 19 de março de 2011

MARABÁ, SOMENTE MARABÁ

Doutor Valdinar Monteiro de Souza, um dos mais excelentes nomes que conheço na arte de escrever, dá uma aula sobre crase nesta crônica deliciosa e ainda propõe um debate sobre as denominações dadas ao núcleo Pioneiro. Este e outros interessantes artigos estão aqui, no seu blog. Vale a pena conferir.


Marabá, somente  Marabá
Está bem, eu me rendo. Aliás, estou quase a me render. Render-me-ei às ordens do costume que se arraigou entre nós todos (marabaenses e não marabaenses), embora não concordando, passarei a dizer e a escrever uma coisa pela outra, como querem (e exigem, impõem mesmo): quando me referir ao querido bairro-cidade, em vez de apenas “Marabá”, se adjetivações que reputo desnecessárias, direi e escreverei, indiferentemente, “Marabá Pioneira” e “Velha Marabá”, adjetivando. Continuarei, todavia, a discordar silenciosamente, na minha caturrice, talvez solitária e sem sentido.

Um dia desses – 6 de março de 2011, na crônica “Um ano mais de vida”, para ser exato –, referindo-me ao bairro, escrevi, como sempre fazia, apenas “Marabá”. Assim escrevi e assim publiquei nos meus blogues. Aí o estimado amigo e amado irmão de Maçonaria Patrick Roberto, ao publicar no CORREIO DO TOCANTINS, adjetivou e escreveu “Velha Marabá”. Tudo bem. Só não fiquei zangado porque ele, corretamente, assinalou a crase, que, com a adjetivação, seria obrigatório assinalar. Gostei! Se, por cochilo ou esquecimento involuntário, ele não houvesse assinalado a crase, teria errado por mim e, aí, claro, eu teria desgostado. Apaixonado que sou pela Língua Portuguesa, gosto de empregar zelosamente o hífen e os demais sinais diacríticos, comumente chamados de acento. Aliás, como aprecio fazer nos meus escritos e conversas, abro parêntesis a seguir para, despretensiosa e ligeiramente, intercalar uma explicação sobre a crase, fenômeno gramatical que é a pedra no sapato de muita gente.
A crase ou existe, ou não existe, mas, sempre que existir, é de rigor que seja assinalada graficamente. Ninguém a põe nem a tira, apenas e tão somente a assinala. Assim é que quando, sem adjetivação, dizemos ou escrevemos “Vou a Marabá”, não há crase, e, em não havendo, não se pode assinalar graficamente a crase que não existe. Esse “a” aí é preposição exigida pelo verbo antecedente, e, como preposição, não leva acento gráfico. Já quando se diz “Vou à Velha Marabá”, ou “Vou à Marabá Pioneira”, ou, ainda, com qualquer outra palavra ou locução que qualifique o substantivo “Marabá”, haverá crase, por causa do encontro do artigo definido feminino “a” com a preposição “a”, que rege o verbo de movimento “ir”. Esse encontro de letras “a”, que se contraem, é que é a crase, a qual deve rigorosamente ser assinalada graficamente, marcada com o sinal diacrítico a que se chama acento grave, erroneamente confundido com a crase propriamente dita e assim chamado.
Mas, voltando à questão da adjetivação de Marabá. Ora, onde já se viu? Claro, somente na cabeça dessa gente teimosa. Marabá, como bairro, é apenas Marabá, sem acréscimos inúteis, sem adjetivações desnecessárias do tipo pioneira, velha, ou coisa outra que o valha. Bom, eu penso assim, não sei os outros marabaenses natos, ou bondosamente adotados como eu. Legal!... Está aí, leitor, vamos discutir este assunto! O que você pensa sobre isso? Eu penso, e por isso defendo, que quem necessita de adjetivação são apenas os outros bairros, Marabá não precisa, é somente Marabá mesmo, como dizíamos e escrevíamos faz até bem pouco tempo e, por sinal, ainda consta no itinerário dos coletivos.
Encerro com homenagem expressa aos leitores virtuais e amigos Gérson Pigatto, professor em São Paulo e meu irmão de fé cristã, como membro da Igreja Presbiteriana, e Rafael Porto, acadêmico de Direito em cidade adjacente do Rio de Janeiro e meu irmão de ideal maçônico, os quais gostam muito quando trato de assuntos gramaticais nas minhas cronicazinhas sem gosto e sem graça. Mas, voltando ao assunto, é somente Marabá, ou Marabá Pioneira e Velha Marabá? Para mim, é somente Marabá. Dize aí, leitor!...

Um comentário:

Dr. Valdinar Monteiro de Souza disse...

Meu caro Laércio

Muito obrigado pelos elogios e, principalmente, pela publicação da crônica em seu blogue!

Como já lhe disse, gosto muito dos comentários dos leitores. E os seus comentários, em particular, são sempre fruto de uma acurada observação, razão por que me são de grandiosa valia.

Valeu mesmo!

Valdinar

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