Quem cogitou que na sessão julgadora do Caso Elka prevaleceria o corporativismo, acertou. Foi de afabilidade o tom dos pronunciamentos de praticamente todos os vereadores. À exceção de Antônia Albuquerque, a Toinha (PT) e Irismar Sampaio (PR) e dois ou três outros vereadores, todos os demais deixaram claro nos termos que usaram qual seria o seu voto.
Primeiro a falar, o vereador Antônio Hilário Ribeiro, o Antônio da Ótica (PR), foi o mais declarado. Ele avaliou que Elka não cometeu nenhum erro e, por isso, não deveria, na sua opinião, nem mesmo ser suspensa, temporariamente. “Eu acho que qualquer tipo de punição seria injusta”, disse ele, argumentando que Elka não jogou “dinheiro público fora”.
O presidente da Câmara, Nagib Mutran, afirmou ser aquele um momento delicado para os vereadores, o qual ele preferia não ter que enfrentar. “Hoje é um dia que eu não gostaria de passar, porque é extremamente difícil você julgar as pessoas, principalmente quando se trata de uma colega de parlamento”, asseverou. E acrescentou: “Só faz um julgamento isento quando se transporta para o outro lado. Acredito no bom senso de todos. Acredito que daqui saia o melhor juízo sobre esta questão da vereadora Ismaelka”.
Edivaldo Santos (PPS) foi o que mais se prolongou em seu pronunciamento. Ele chegou a extrapolar os 15 minutos, tempo limite disponibilizado para cada fala. Edivaldo começou citando o capítulo 7 do livro bíblico de Mateus, onde se lê: “Não julgueis para que não sejais julgado, porque com o critério que julgardes julgarão a vós também.” O parlamentar questionou a ausência da sociedade naquele momento importante para a democracia e lembrou que ele já fez mais de uma denúncia de mau uso de veículos na administração municipal e até agora nada aconteceu.
“O que foi feito? A comissão é só pra investigar vereador? Por que não criam comissão pra investigar isso? É como se nós vereadores fôssemos tudo de ruim nesta cidade”, declarou. Edivaldo defendeu a atitude de Elka, uma vez que, segundo ela, o veículo que estava à disposição do seu gabinete foi utilizado para transportar pessoas doentes e não para tratar de assuntos de interesse particular dela, vereadora. “Quem precisa de socorro não quer saber se o carro é da Câmara ou de quem quer que seja. E se o vereador não atender ainda vão sair falando mal dele”, argumentou.
Sucinto, Ronaldo Araújo, o Ronaldo da 33 (DEM), também deixou claro em suas poucas palavras que não condenava a colega. “Quem é que nunca errou?”, indagou.
Seu xará, Ronaldo Batista Chaves, o Ronaldo Yara (PTB), lamentou que sua companheira de partido tivesse passado pelo que passou e atribuiu tudo à ausência de sua assessoria que deveria tê-la orientado melhor.
Vanda Américo (PV) aconselhou que Elka aproveitasse tudo o que aconteceu para fazer uma reflexão e tirar lições. E aduziu que a vereadora amadurecerá diante de tudo. “Tenho certeza que Vossa Excelência vai voltar para esta casa, com vontade renovada”.
Gerson do Rosário Varela, o Gérson do Badeco (PHS), preferiu o argumento de que ninguém é santo. “Quem nunca cometeu uma infração de trânsito que levante a mão”, desafiou ele, com a propriedade de quem já atuou muito tempo como agente do DMTU.
No mesmo tom, se manifestou Alécio Stringari, o Alécio da Palmiteira (PSB). “No seu lugar, Ismaelka, poderia estar qualquer um de nós”. E finalizou: “Quem nunca errou que atire a primeira pedra”.
A vereadora Toinha se ateve a enfatizar que o trabalho da Comissão foi feito com ética e seriedade, e rebateu a alegação de Elka, em sua defesa apresentada por escrito, de que não tinha conhecimento da resolução que disciplina o uso do veículo. A vereadora mostrou que a resolução foi votada ano passado, com a presença de Elka, que inclusive assinou o parecer, como membro àquela época da Comissão Permanente de Justiça, Legislação e Redação.
Foi rebatendo esse suposto desconhecimento alegado por Elka, que a vereadora Júlia Rosa também se pronunciou. “Eu me senti a própria megera, quando estava sendo lido o relatório, dizendo que a senhora não teve conhecimento da resolução e a Mesa arbitrariamente propôs investigá-la”, revelou Júlia. “Vossa Excelência sabe o quanto eu lhe quero bem. Jamais a Mesa tomaria qualquer atitude no sentido de prejudicá-la”, acrescentou.
Irismar Sampaio enfatizou que foi uma árdua missão atuar na Comissão Especial de Inquérito e, evangélica que é, finalizou sua fala citando um texto bíblico, como querendo justificar seu voto. “A Bíblia diz fazei o bem e não o mal, pois esta é a vontade de nosso Senhor Jesus Cristo”.
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