Foto: Tuerê



NOTAS SOBRE:


"A maior necessidade do mundo é a de homens; homens que não se comprem nem se vendam; homens que no íntimo da alma sejam verdadeiros e honestos; homens que não temam chamar o pecado pelo seu nome exato; homens cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao polo; homens que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus" - Ellen G. White.



quarta-feira, 29 de setembro de 2010

SOPA DE LETRINHAS

O contrato da EB Alimentos, empresa responsável pelo fornecimento da merenda escolar, com a Prefeitura de Marabá, ao que tudo indica, vai acabar sendo rescindido por quebra de cláusula. É que continuam as reclamações com relação à qualidade do serviço oferecido. Já tem vereador cogitando exigir a rescisão na Justiça.

LAR NA PINDAÍBA

O Lar São Vicente de Paulo, único espaço destinado ao acolhimento de idosos em Marabá, continua no cadafalso. A casa, situada na Folha 6 da Nova Marabá, sobrevive de doações e de parte da aposentadoria dos seus internos, hoje em número de trinta, mas o recurso nunca foi suficiente para custear as despesas do abrigo.

Só de energia atrasada, o Lar São Vicente deve mais de 50 mil reais. A conta está há cerca de quatro anos atrasada e a Rede Celpa vive ameaçando suspender o fornecimento. Da última vez que o pessoal do setor de cortes esteve no local, há dois meses, os idosos tiveram que pedir pelo amor de Deus para que eles não cortassem a luz.

PROMESSA DE MAURINO

Depois do São Miguel da Conquista, o prefeito Maurino Magalhães garantiu esta semana que vai baixar decreto declarando também o Bairro da Paz, popularmente conhecido como Invasão da Lucinha, como área de interesse social e de utilidade pública. O decreto seria o primeiro passo para a viabilização de recursos, junto ao Ministério das Cidades, com vista a desapropriação e implementação de projeto de urbanização na ocupação.

CANDIDATURA DE JADER

 Jader Barbalho (PMDB) perdeu mais um round na sua obstinada decisão de concorrer ao Senado nas eleições deste ano. O TSE rejeitou ontem (29), em plenário, recursos em que ele buscava reverter decisão anterior do próprio colegiado, que havia barrado sua candidatura com base na Lei da Ficha Limpa. O caso deverá subir ao Supremo Tribunal Federal.

DIA DO IDOSO

Nesta sexta-feira, 1º de outubro, comemora-se no Brasil o Dia do Idoso. Este é um público que não para de crescer. Segundo dados do IBGE, a quantidade de homens e mulheres no país com idade superior a 60 anos já seria superior a 20 milhões, ou mais de 10% da população total. Em Marabá, não há informações sobre o número de pessoas da terceira idade existente no município; sabe-se, porém, que cerca de 500 idosos estão cadastrados no Projeto Conviver, da Secretaria de Assistência Social da Prefeitura (Seasp) e outros 30 dividem espaço no único asilo da cidade, o Lar São Vicente de Paulo, na Folha 6 da Nova Marabá. A reportagem visitou as duas entidades e constatou que um e outro grupo de idosos vivem realidades bem distantes.

TERCEIRA IDADE: A VIDA COMEÇA AOS 60

Idosos do Projeto Conviver: vida bastante ativa, mesmo depois dos 60.
No Lar São Vicente de Paulo (foto abaixo), a rotina de quem já chegou à terceira idade é outra bem diferente


 
Em Marabá, existem duas classes de idosos bem distintas: uma formada por sessentões e septuagenários animados, que frequentam o Projeto Conviver da Seasp, e outra de solitários aposentados, para quem a vida se resumiu a enxaquecas, caixas de remédio, rugas e cabelos brancos.
Desde o início desta semana, os idosos do Conviver estão envolvidos em diversas atividades promovidas pela Seasp. Na Secretaria, está em curso a programação da 8ª Semana do Idoso, com ações que vão de atividades esportivas a apresentações culturais. A Semana teve início no dia 28 e se estende até o dia 1º de outubro, data em que se comemora o Dia do Idoso.
Enquanto o grupo da Seasp se esbalda em meio às festividades alusivas à data, no Lar São Vicente de Paulo, muitos dos idosos sequer sabem que existe no calendário um dia dedicado a eles. Na verdade, muitos dos que estão no abrigo, por mais que quisessem, não teriam condições nem razões para comemorar. São pessoas debilitadas, doentes, presas ao leito ou a uma cadeira de rodas, as quais já perderam quase tudo – a família, os amigos e até a memória.
No Projeto Conviver, os idosos praticam esportes, atividades culturais e de lazer, participam de programas educativos, recebem orientações sobre como cuidar melhor da saúde e são envolvidos em campanhas preventivas, com o acompanhamento de profissionais de saúde. Uma das atividades preferidas deles é dançar forró, mas no Conviver, eles também fazem hidroginástica, terapia ocupacional e dança laboral. Um grupo de idosos está aprendendo computação e outros 30 estão distribuídos em duas turmas de alfabetização. “Aqui, nossos idosos estão sempre envolvidos em alguma atividade”, comemora a assistente social Maria Onete Feliz Fonseca da Silva, coordenadora do Grupo da Terceira Idade no Projeto Conviver. Hoje com 50 anos, há seis trabalhando com a terceira idade, Onete se orgulha do trabalho que faz. “Estamos aumentando a expectativa de vida deles”, ressalta a assistente social, observando que a criação do Estatuto do Idoso e a adoção de políticas que beneficiam a terceira idade têm contribuído com a longevidade desse público.
Entretanto, não basta viver muito; é preciso viver bem. No Lar São Vicente de Paulo, o vice-coordenador da entidade, Antônio da Luz Silva, sabe muito bem o que significa isso. Antônio é uma espécie de anjo da guarda no abrigo – único espaço destinado a acolher e amparar idosos em Marabá. Ele já perdeu as contas das noites mal dormidas que passou, tentando socorrer velhinhos à beira da morte. “Aqui, na minha mão, já morreram três”, conta Antônio, que está há três anos trabalhando no abrigo, mas sabe de cor o nome e a idade de quase todos os 30 internos da casa. Numa gravação feita no celular, ele mostrou à reportagem um desses dias de sufoco, quando teve que passar a noite em claro, fazendo compressa de água fria em um dos idosos que estava queimando de febre.
Nesta quinta-feira (30), dentro da programação da Semana do Idoso, a Seasp vai levar os idoso do Projeto Conviver para uma manhã de lazer no Lar São Vicente de Paulo. Durante a visita, haverá apresentação cultural e outras atividades. Será uma forma de compensar o sofrimento daqueles cuja sina não lhes deu o direito de passar os últimos dias de vida com mais dignidade.

SETENTÃO, SOLITÁRIO, MAS FELIZ

Do alto dos seus 70 anos, o aposentado Francisco Félix da Silva é, por assim dizer, um dos casos raros de solitário feliz. Ele é um dos 30 idosos acolhidos pelo Lar São Vicente de Paulo e um dos poucos que estão ali por opção pessoal. Impossibilitado de andar com as próprias pernas, por conta de uma doença que afetou suas articulações, ele está no abrigo há pouco mais de dois anos. Para se locomover, ele faz uso de um carrinho de três rodas, movido a manivela.

Apesar da enfermidade e o abandono da família, seu Francisco diz ser um homem feliz. E é fácil notar, pelo seu estado de espírito, quando conversa, que está sendo sincero nas palavras. “O povo aqui é muito bom pra lutar com a gente. Me sinto muito feliz aqui dentro. Eu não preciso e nem quero um lugar melhor do que esse”, afirma o septuagenário, ressaltando que, ainda que quisesse, o ganha com a aposentadoria não daria pra pagar aluguel, comprar o que comer e ainda pagar alguém pra cuidar dele. “Do jeito que estou, não posso mais lavar um prato, nem fazer um café. Então aqui tá muito bom pra mim”, acrescenta.
Desde que foi para o abrigo, a principal ocupação de seu Francisco Félix é ficar tomando uma brisa, enquanto observa o passeio das águas do rio sentado em uma cadeira. O Lar São Vicente de Paulo fica nas margens do Tocantins e proporciona uma vista privilegiada do rio.
Quando falou à reportagem, estava já há um bom tempo sentado na orla, isolado, na companhia apenas da cadeira de macarrão, seu carrinho de três rodas e uma garrafa de café.
Perguntamos a ele, sobre o que pensa, quando está absorto, sentado à beira do rio. Com toda franqueza que lhe é peculiar, disse que não pensa em nada, apenas fica observando as águas. “Pra mim, não tenho que lembrar de nada. Eu já vivi a minha vida todinha, hoje estou com 70, se Deus me der mais dois ou três [anos] tá bom demais. Estou conformado, eu sei que depois daqui é só a 29 [o cemitério da Folha 29, na Nova Marabá]”.
Pernambucano, seu Francisco Félix veio para Marabá há mais de 30 anos. Quando o assunto é o seu passado ele evita aprofundar-se. Diante das indagações, disse apenas que já teve mulher, filhos e também patrimônio. Na década de 1970, era dono de algumas casas de aluguel na Rua 7 de Junho, na Marabá Pioneira. Na época do Plano Collor, teve problemas com suas finanças e acabou falindo.
Dezessete anos atrás começou a sentir os primeiros sintomas de que estava com problemas de mobilidade nas pernas. Já na fase de economias magras, ele ainda chegou a tentar a sorte em Palmas, no Tocantins, mas conseguiu ficar por lá apenas seis meses. Depois foi para Redenção, no Pará, mas lá também não conseguiu adaptar-se e retornou a Marabá três meses depois.
No Lar São Vicente de Paulo, metade de sua aposentadoria é destinada ao abrigo, para despesas com alimentação e lavanderia.

ANTES SÓ DO QUE MAL ACOMPANHADAS

Maria Duarte

Rosilda de Souza

Leonilde Rosa


 A animação dos idosos que frequentam o Projeto Conviver, em Marabá, salta aos olhos. Nas rodas de conversa é uma pilhéria atrás da outra, tudo na maior descontração. Quando estão envolvidos em alguma atividade, a brincadeira corre solta. Quer ver eles darem gargalhadas, é só falar em namoro. Embora não escondam que gostam do chamego do forró, atividade que está em primeiro lugar na ordem de preferências deles, praticamente ninguém assume que está de paquera. A reportagem conversou com três solteironas: Rosilda de Souza Costa, 67 anos e viúva há 11; Maria Duarte Lima, 68, solteira; e Leonilde Rosa Ferreira, 77 anos, viúva há 18.
Sempre brincalhonas, as três foram unânimes em dizer que não querem nem papo com casamento. “Que negócio de marido, menino”, protestou Leonilde.
“Eu lá vou querer diabo de velho pra tá cochilando no meu pé-de-ouvido”, espicaçou Rosilda.
“Até morrer, sou solteira”, arrematou Maria Duarte.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

TELA QUENTE

O clima do embate entre Ana Júlia (PT) e Simão Jatene (PSDB) no horário da propaganda eleitoral na televisão está ficando cada vez mais quente. Eleitores indecisos certamente estão acompanhando com olhos bem arregalados a troca de farpas e acusações entre os dois candidatos, um acusando o outro de jogar sujo com as informações que coloca no ar.

DARDOS NO AR

As sessões de ataques e defesas observadas nos últimos dias têm girado em torno da construção de um hospital em Ipixuna do Pará e uma fábrica de chocolates que a governadora petista diz ter inaugurado em Medicilândia, ambos veementemente contestados pelo candidato do PSDB.

MEIAS VERDADES

No caso do hospital, Jatene garante que tudo o que houve no local foi uma cerimônia para o lançamento da pedra fundamental. Sobre a fábrica de chocolates, ele assegura que o que seria o empreendimento não passa de um prédio vazio, de onde até hoje nunca saiu uma única barrinha de doce.

INVASÃO DA INFRAERO

Um misto de dúvida e medo. Este é, precisamente o sentimento que acomete as centenas de famílias que desde o último sábado (18/09) estão ocupando a área denominada Invasão da Infraero, na altura do Km-2 da Rodovia Transamazônica, no complexo Cidade Nova, em Marabá. A área, pertencente à União, estava reservada à Associação dos Flagelados e Sem-Teto da Região de Marabá (AFTRM), para um projeto habitacional destinado aos associados da entidade, mas foi invadida na semana passada. Ao tomarem conhecimento de que o terreno estava sendo invadido, muitos dos associados correram para o local e passaram a loteá-lo também. Agora, a área está dividida, entre os que se dizem seus legítimos proprietários, no caso os associados à AFTRM, e aqueles que eles consideram “invasores”.
Tanto um grupo quanto o outro estão apreensivos. Os primeiros temem ver ir por água abaixo o sonho da casa própria que eles vinham alimentando, uma vez que a área estava destinada à construção de um conjunto habitacional, através do projeto “Minha Casa, Minha Vida”, do Governo Federal. Os outros vivem sob a ameaça de que serão despejados a qualquer momento por força de liminar de reintegração de posse.
Seja como for, no local, o que não faltam são boatos. Um deles dá conta de que o presidente da AFTRM, Valdecir Martins da Cunha, o Valmar Rossy, teria abandonado o barco e desaparecido. Alguns chegaram inclusive a comentar que ele teria desaparecido porque cadastrou gente demais para o projeto habitacional, recebeu a contribuição mensal, e agora não saberia mais como fazer para acomodar todo mundo. De fato, a sede da associação, localizada nas proximidades do Sesi, no núcleo Cidade, está desde o último sábado fechada. Um outro escritório da AFTRM, instalado na própria área da ocupação, também encontra-se fechado e ninguém há que responda pela entidade.
“Eu acho que nesse momento ele [Valmar Rossi] tinha que estar aqui, do nosso lado e não deixar a gente assim, desamparados. Aqui tá todo mundo sozinho, sem saber o que fazer”, queixou-se o sem-teto Leandro Neves da Silva, 38 anos, apresentando o carnê com a contribuição mensal de 10 reais que ele paga à associação todo mês e um outro recibo no valor de R$ 700,00, referente a certa “taxa estatutária”.
Em contato com a SPU (Superintendência de Patrimônio da União), em Belém, o blog recebeu a informação de que as providências necessárias já estão sendo tomadas, no sentido de reverter a situação. O caso já estaria, inclusive, a cargo da Controladoria-Geral da União (CGU).

SEM-TETO, MAS COM CARRO

Nem todos os que estão ocupando a chamada Invasão da Infraero, em Marabá, são zés ou marias-ninguém. A julgar pelos carros que circulam pelo local ou são vistos estacionados ao lado dos piquetes, muitos não estão de todo na base da escala econômica.
No momento em que o poster esteve no local, uma picape do tipo L-200 deixou dois rapazes num ponto da ocupação com fita métrica na mão e depois saiu. Procurados pela reportagem, eles não quiseram dar muita informação, se limitaram apenas a dizer que estavam medindo o espaço para cercar e que a área seria de um pessoal da polícia.
O comentário de alguns sem-teto é de que muitos dos que entraram na área seriam especuladores e teriam invadido o terreno para negociar depois os lotes. Alguns seriam inclusive comerciantes com residência ali perto. Um deles, segundo os boatos, teria ocupado sozinho 25 lotes.
De fato, foi possível observar áreas enormes cercadas com arame farpado, que seriam de um único dono. Num desses terrenos, a reportagem conversou com um homem que não quis se identificar e ele informou que a área seria de 11 famílias, todas devidamente cadastradas na AFTRM, as quais se juntaram e cercaram para evitar a invasão de terceiros.
A chamada Invasão da Infraero é uma área com mais de 20 hectares pertencente à União que sempre foi cobiçada para abrigar projetos habitacionais. Até o prefeito Maurino já havia tentado, sem sucesso, a obtenção do imóvel para acomodar as famílias remanejadas da antiga Vila Socó, comunidade que existia nas proximidades da ponte do rio Itacaiunas e teve que sair por conta do projeto de duplicação da Rodovia Transamazônica.
Mais recentemente, parte do terreno foi cedida à AFTRM que chegou a colocar maquinário para limpar o local e abrir ruas.
Na carteirinha dos associados, consta o nome do conjunto habitacional que será implantado na área que agora encontra-se ocupada. O nome do empreendimento seria Newton Miranda Sobrinho, uma homenagem ao antigo titular da Superintendência de Patrimônio da União, pessoa que teria viabilizado a cessão do imóvel à AFTRM. Newton Miranda morreu no início deste ano, vítima de infarto.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

ABANDONO QUE OLHA O PROGRESSO

O Amapá, um dos bairros mais antigos de Marabá, é um pedaço da cidade mergulhado em abandono. Banhado pelo Itacaiunas, o bairro pobre apenas espia o progresso que se desenha logo acima, com a construção da segunda ponte sobre o rio, na obra milionária da duplicação da Rodovia Transamazônica. Abaixo, texto do poster sobre o logradouro e seus contrastes, publicado nesta terça-feira (21/09) no jornal Opinião.

AMAPÁ: BAIRRO DE RETICÊNCIAS E PONTO FINAL

Marabá se define bem como uma cidade de contrastes. Ao passo que para alguns do lugar a última moda é comer uma das principais iguarias da culinária japonesa, como noticiou recentemente a revista Veja, outros há, entretanto, que sequer sabem o significado da palavra sushi e até dirão, com honestidade, que viram o termo pela primeira vez quando leram esta reportagem.

Nada contra o sushi. Mas esta Marabá existe. Que o digam os moradores do bairro Amapá, logradouro antigo, situado num recanto esquecido da cidade.
A realidade contrastante que existe em Marabá está presente no próprio Amapá. O bairro está dividido em duas áreas, claramente separadas e distintas pela geografia. Uma é a área residencial, habitada predominantemente por famílias pobres. Fica mais ao norte da Rodovia Transamazônica e começa a partir da margem esquerda do rio Itacaiúnas. A outra área fica do outro lado da rodovia, e compreende um setor institucional, devidamente planejado para abrigar diversas repartições, entre elas o fórum, a sede do Ministério Público Estadual, a Secretaria Municipal de Saúde, a Superintendência Regional do Incra, a agência do INSS, o Hemocentro Regional (Hemopa), a Secretaria Municipal de Educação, o campus da Universidade do Estado do Pará (Uepa) e várias outras.
Embora o Amapá evoluído esteja mais ao sul da Transamazônica, do lado norte também há alguns prédios importantes, como a sede do DNIT (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes), o tradicional Colégio Santa Terezinha e o Hotel Del Príncipe.
Na verdade, é naquilo que se poderia chamar de Amapá Pioneiro, a área que começa no Porto das Canoinhas, a banda esquecida do bairro. Ali é que vivem as famílias que formam a base da pirâmide econômico-social.
Na tarde desta segunda-feira (20/09), o poster esteve no logradouro e viu e ouviu o clamor dos moradores sobre suas principais dificuldades.
O Amapá é um bairro antigo, cuja história se confunde com a história da cidade, no entanto, sempre viveu, décadas após décadas, sob o olhar frio e indiferente dos governantes.
No logradouro não há saneamento e nas poucas ruas pavimentadas no passado hoje não se vê mais asfalto.
O bairro também não está na rota dos ônibus coletivos. Esta é uma das principais queixas dos moradores. Quem precisa ir de ônibus à Nova Marabá ou a outros bairros como Liberdade e Laranjeiras tem inevitavelmente que dar uma pernada, já que a parada mais próxima de quem mora na beira do rio está a quase um quilômetro de distância. “Não sei por que não botam ônibus aqui. No passado já teve, mas tiraram”, queixa-se a servidora pública Eva da Conceição Costa, moradora do Amapá há oito anos.
Telefone público existe, mas não funciona, há uma única escola de Ensino Fundamental e o posto de saúde mais próximo é o Pedro Cavalcante, na Rodovia Transamazônica.
Depois de vários anos, a Cosanpa (Companhia de Saneamento do Pará) iniciou, recentemente, a implantação de um projeto de abastecimento de água, mas as obras ainda estão pela metade. Por enquanto, os moradores se utilizam do próprio rio para lavar e, para beber e cozinhar, buscam água em alguns poços semiartesianos que há em certos prédios públicos. O mais frequentado por eles fica no que eles chamam de Mercado Velho, que é, na verdade, o que sobrou do antigo Mercado Municipal do Amapá, uma obra que reflete bem a situação de abandono que impera no logradouro.
Situado na principal rua do bairro, a Rua do Aeroporto, o Mercado Municipal foi inaugurado em janeiro de 1972, nos tempos do presidente Médici, quando o Pará era governado por Fernando Guilhon. Hoje, o prédio virou moradia de pelo menos duas famílias e está com sua estrutura aos frangalhos. As famílias vivem em condições insalubres, sem o mínimo de conforto e segurança.
Um dos moradores é o próprio vigia, contratado pela prefeitura para zelar do prédio. Ele já estaria há dez anos residindo no local. Nesse período, o prédio nunca recebeu uma mão de tinta ou qualquer outro benefício do poder público. Das pessoas ouvidas pela reportagem, ninguém soube dizer ao certo há quanto tempo o mercado deixou de funcionar. “Minha mãe conta que, quando eu nasci, fui pesada numa balança aqui dentro, mas quando me entendi por gente ele [o mercado] já estava assim, parado”, informou ao jornal uma moça de 20 anos.
O mercado é, talvez, o pouco que restou dos tempos que o Amapá era outro, movimentado pelo vai-e-vem de gente e barcos às margens do Itacaiúnas. Algumas décadas atrás, quando ainda não existia a ponte, o Porto das Canoinhas era o principal caminho de ligação da Marabá Pioneira com o então emergente núcleo Cidade Nova. Naquela época, o mercado era um importante balcão de venda de carne e peixe, mercadoria sempre abundante nas primeiras horas da manhã.
Com o passar dos anos, o mercado foi desativado, mas os mercadores de peixe se mantiveram no negócio, vendendo em casa ou de porta em porta. Hoje, no Amapá, são poucos os que vivem da atividade pesqueira, mas muitos ainda há que pescam para o próprio consumo.

RABETEIROS: ATIVIDADE EM DECADÊNCIA

A apenas alguns metros do antigo Mercado Municipal, no bairro Amapá, está o Rio Itacaiúnas, onde barqueiros, mais conhecidos como rabeteiros, passam o dia à espera de passageiros pra levar para o outro lado. A atividade já foi rentável no passado, mas atualmente está em franca decadência. O rabeteiro Francisco Mauro Marques de Souza, 33 anos, diz lembrar-se de um tempo em que aproximadamente 120 barqueiros trabalhavam no Porto das Canoinhas, fazendo travessia. “Hoje, existem apenas 36 e a gente ainda trabalha revezando”, comenta ele, explicando que os barqueiros formam turmas que trabalham em dias alternados.

A travessia custa um real por pessoa. Seu Manoel Maria de Souza, de 65 anos, conta que às vezes dá pra faturar até 50 reais. Mas, em compensação, em outros dias não consegue fazer nem trinta. “Hoje mesmo, só consegui até agora dez reais”, revelou ele, por volta de duas horas da tarde.
O melhor período do ano para os rabeteiros é o verão, quando os balneários ficam movimentados. Nesta época, muitos dos barqueiros do Amapá levam seus barcos para o Rio Tocantins e ficam na orla, levando gente para a Praia do Tucunaré. É o que faz todos os anos o pescador José de Ribamar Soares da Silva, 45 anos. Ele vai e leva também a esposa, que aproveita pra faturar, vendendo salgados na praia.

FAMÍLIAS DESESTRUTURADAS

Do Porto das Canoinhas, olhando rio acima, dá pra divisar, não muito distante, a construção da nova ponte do Rio Itacaiúnas. A obra é um símbolo do progresso que ainda não chegou ao Bairro Amapá.

Num rápido passeio pelo logradouro, dá para perceber que as famílias vivem em situação de vulnerabilidade social. Muitas das moradias são casebres e estão caindo aos pedaços. “Este é um bairro de famílias carentes e, muitas delas desestruturadas”, conta a professora Ednólia Silva Araújo, coordenadora Pedagógica do Núcleo de Educação Infantil (NEI) que funciona no Amapá. Segundo ela, as meninas no bairro estão se tornando mães muito cedo e os filhos geralmente são criados pelos avós.
No NEI, estudam 175 crianças, com idade entre três e cinco anos. No mesmo prédio do Núcleo, funciona uma fundação, a qual está mudando a vida de muitos jovens e adolescentes do bairro, através da música e de práticas esportivas. “Estamos dando a nossa contribuição no sentido de formar cidadãos mais informados e mais conscientes; mais preparados para o futuro”, salienta Ednólia Araújo, que mora no bairro Novo Horizonte, mas trabalha já há dois anos e meio no Amapá.

DÍVIDA DA PREFEITURA

A saúde financeira da prefeitura de Marabá deve dar a tônica do discurso da vereadora Vanda Américo (PV), presidente da Comissão de Finanças da Câmara, na sessão desta terça-feira (21/09). Desde a semana passada, ela e o vereador Edivaldo Santos (PPS) tentam localizar o secretário de Finanças, Pedro Freitas, para ouvi-lo sobre a questão.

SOMBRA DE FANTASMA

Desde que o assunto da inadimplência da prefeitura ganhou repercussão na Câmara, Pedro Freitas simplesmente sumiu. Na manhã de ontem (20/09), Vanda e Edivaldo procuraram por ele novamente na Sefin, desta vez acompanhados do promotor Luiz Carlos da Luz Quadros do Ministério Público Estadual. Eles agendaram nova visita, agora para a próxima quarta-feira.

TIM-TIM POR TIM-TIM

Os vereadores querem saber, entre outras coisas, a quantas anda o endividamento da prefeitura com fornecedores, a inadimplência com o vale-transporte e se estão em dia os repasses ao Ipasemar. Os parlamentares vão requerer extratos bancários de todas as principais contas do Executivo.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

AMBULÂNCIA NO LIXÃO

O vereador Edivaldo Santos (PPS) fez uma denúncia grave na sessão da última terça-feira (14). Segundo ele, várias ambulâncias que deveriam estar servindo à saúde pública estão literalmente sucateadas e abandonadas pela administração municipal. Uma delas, inclusive, com placas JUJ-8024, foi largada na área do aterro sanitário.
Durante a sessão, o vereador expôs a gravidade do assunto e até fez uso de projetor para mostrar através de fotografias o estado das viaturas.
Uma das ambulâncias, a de placas JVO-0129, foi encontrada por ele no Pátio de Retenção do DMTU (Departamento Municipal de Trânsito e Transporte Urbano), área contígua ao prédio do Hospital Municipal, na Folha 17, da Nova Marabá. A viatura, que no passado fora utilizada pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), estava com os pneus murchos e uma avaria na parte traseira, provavelmente provocada por alguma colisão.
No pátio do DMTU, geralmente ficam os veículos que são apreendidos pelo órgão ou pela polícia. Como o local fica a céu aberto, os carros ficam pegando sol e chuva, sendo facilmente deteriorados pela ação da ferrugem e do calor.
Duas outras ambulâncias encontradas por Edivaldo Santos estavam no pátio da própria Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Com relação à ambulância encontrada no lixão, de fora, pelos adesivos, dá pra deduzir algumas informações. Primeiro, que ela era utilizada pelo setor de TFD (Tratamento Fora do Domicílio), da Secretaria Municipal de Saúde. Segundo, o veículo foi para o aterro sanitário a menos de dois anos, na administração do prefeito Maurino Magalhães. É que nas laterais e na traseira da viatura há adesivos com o slogan da atual gestão.
“Já ingressamos com denúncia no Ministério Público Estadual e no Ministério Público Federal para que seja investigado por que essas ambulâncias estão largadas, quando deveriam estar servindo à população”, salienta o vereador Edivaldo Santos, observando que vai encaminhar o caso também ao Ministério da Saúde, em Brasília.
“A Câmara tem que tomar uma providência no sentido de saber por que não estão fazendo leilão dessas ambulâncias”, observou a vereadora Vanda Américo (PV), revelando que já tinha conhecimento do caso, inclusive, com informação de que há pessoas retirando as peças dos veículos e deixando só a carcaça.
“O mais grave é que toda vez que se liga pro Samu, eles sempre dão a desculpa de que não tem carro porque a ambulância está socorrendo alguém. No entanto, as ambulâncias estão virando sucata, quando deveriam estar no conserto”, enfatizou Edivaldo, propondo à Mesa Diretora da Câmara que convide a Secretaria Municipal de Saúde para dar explicações sobre o caso em uma audiência pública no Legislativo.

A GRANDE OBRA DE MAURINO

Quase 50 milhões de reais. Este seria, segundo a vereadora Vanda Américo (PV), o valor da inadimplência da prefeitura de Marabá só com fornecedores - dívida contraída na gestão de Maurino. Sem que ninguém tome qualquer medida para reverter a situação, o que se observa é que o rombo só aumenta a cada dia. O vale-alimentação dos servidores estaria atrasado e há ameaça de que o mesmo ocorra com o pagamento do 13º salário.

O PREFEITO ESTÁ NU

O prefeito Maurino conseguiu ir tão longe que até os seus supostos aliados já começam a lhe atirar pedras. Na sessão da última terça-feira (14/09), o vereador Antônio Hilário Ribeiro, o Antônio da Ótica (PR), que se diz integrante da base aliada do governo na Câmara, aloprou, resolveu chutar o pau da barraca e apontar sua metralhadora giratória contra o prefeito de Marabá que, diga-se de passagem, é do seu partido. Hilário tachou seu correligionário de incompetente e até de ladrão. "Ele [Maurino] devia ir é pra cadeia", disparou. E vaticinou: "Tenho certeza de que nunca mais vai se eleger prefeito de Marabá".

VAI PRA LÁ, PREGUIÇA!

Muito divertidos os vídeos da propaganda política na Bahia, postados no blog do jornalista João Carlos Rodrigues. Vale a pena acessar. Aqui.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

FERREIRINHA IMPUGNADO


O registro de candidatura de Sebastião Ferreira Neto, o Ferreirinha, foi indeferido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com isso, ele está, pelo menos por enquanto, impedido de concorrer a deputado estadual nas eleições deste ano. À decisão ainda cabe recurso. A impugnação foi por dupla filiação. Ferreirinha filiou-se ao PT sem desfiliar-se do PSB, seu antigo partido.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

JATENE NA REGIÃO

Assessoria do candidato ao Governo do Estado, Simão Jatene (PSDB), mandou-nos e-mail informando sua agenda para o próximo final de semana. Está prevista sua passagem por Marabá no domingo (05/09), quando fará caminhadas pelas feiras da cidade.



AGENDA DO CANDIDATO

DIA 03/09/2010 – SEXTA FEIRA
MUNICÍPIO: PARAGOMINAS
16h - CHEGADA AO MUNICÍPIO DE PARAGOMINAS
- RECEPÇÃO NO AEROPORTO
- CARREATA
18h – COMÍCIO
PERNOITE

DIA 04/09/2010 – SÁBADO
MUNICÍPIO: JACUNDÁ
09h - CHEGADA AO MUNICÍPIO DE JACUNDÁ
- RECEPÇÃO
- CARREATA
- REUNIÃO AMPLIADA
15h – DESLOCAMENTO, EM CARRO, PARA O MUNICÍPIO DE NOVA IPIXUNA

DIA 04/09/2010 – SÁBADO
MUNICÍPIO: NOVA IPIXUNA
– CHEGADA AO MUNICÍPIO DE NOVA IPIXUNA
- RECEPÇÃO
- CARREATA
- REUNIÃO AMPLIADA
20h – DESLOCAMENTO, EM CARRO, PARA O MUNICÍPIO DE ITUPIRANGA

DIA 04/09/2010 – SÁBADO
MUNICÍPIO: ITUPIRANGA
– CHEGADA AO MUNICÍPIO DE ITUPIRANGA
- RECEPÇÃO
21h - COMÍCIO
– DESLOCAMENTO, EM CARRO, PARA O MUNICÍPIO DE MARABÁ

DIA 05/09/2010 – DOMINGO
MUNICÍPIO: MARABÁ
07h30min – CAMINHADA PELAS FEIRAS DO MUNICÍPIO
– DESLOCAMENTO PARA O MUNICÍPIO DE PARAUAPEBAS

MUNICÍPIO: PARAUAPEBAS
13h– CHEGADA AO MUNICÍPIO DE PARAUAPEBAS
– DESLOCAMENTO PARA O MUNICÍPIO DE PARAUAPEBAS
PERNOITE

DIA 06/09/2010 – SEGUNDA
MUNICÍPIO: XINGUARA
– CARREATA
– CAMINHADA
- REUNIÃO
– DESLOCAMENTO PARA O MUNICÍPIO DE MARABÁ


MUNICÍPIO: MARABÁ
16h – CHEGADA AO MUNICÍPIO DE MARABÁ
- CAMINHADA
- REUNIÃO AMPLIADA
PERNOITE

OBS: RETORNO PARA BELÉM NO DIA 07/9 (TERÇA FEIRA) PELA MANHÃ

SEMA EM NOVO ENDEREÇO

Acabo de receber informação da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), que sua representação em Marabá vai estar em sede nova, a partir do próximo dia 13/09. Quem informa é o titular da Unidade Regional de Carajás, Antônio Rosa. Atualmente a unidade funciona em uma sala do Centro de Integração Regional, localizado no Novo Horizonte.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

ESTAMOS DE VOLTA

Depois de um mês e quatro dias sem atualizar o blog, estamos de volta, com a corda quase toda.
Como sempre costumo fazer, não vou dar explicações sobre meu silêncio. A não ser que alguém exija.
Oportunamente, agradeço àqueles que sentiram a minha falta, em particular, ao escritor e poeta Airton Souzza.
Coincidentemente, voltamos quando o destaque do dia é a Ação de Investigação Judicial Eleitoral contra o prefeito Maurino, o mesmo assunto que estava bombando quando fizemos a última postagem. Abaixo, as últimas sobre o caso.

MAURINO E A JUSTIÇA

A Justiça ouviu, nesta quarta-feira (1º), as primeiras testemunhas na Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE), em que o prefeito Maurino Magalhães e seu vice, Nagilson Amoury, são acusados de prática de caixa dois nas eleições de 2008. Esta foi a quinta audiência marcada entre as partes desde que foi instaurado o processo, em setembro do ano passado.


Todos que depuseram nesta quarta-feira foram indicados pela acusação. Das cinco testemunhas, arroladas, apenas duas compareceram – Antônio Silvério da Rocha e Anderson Gonçalves de Sousa. Gilson Dias, que representa a acusação na ação, também foi ouvido, a pedido do juiz.

A oitiva demorou cerca de sete horas e aconteceu na sala de audiências da Vara Agrária, no fórum local. Estiveram na sala, além dos depoentes, o juiz que conduz a ação, Cristiano Magalhães Gomes; a promotora de Justiça Eleitoral, Daniela Moura; o chefe do Cartório Eleitoral, Antônio Araújo Moura; o prefeito Maurino Magalhães e seu vice, Nagilson Amoury.

Ao final dos depoimentos, o juiz concedeu uma coletiva em que informou que foi designada uma nova audiência para o próximo dia 22. Na ocasião, serão ouvidas as testemunhas que faltaram e mais três que foram citadas pelas partes na oitiva de ontem; entre elas, Nágila Amoury, que é irmã de Nagilson Amoury, e a advogada Aurenice Botelho, que atualmente é procuradora do município, mas respondia durante a campanha eleitoral de 2008 pela coligação “A Marabá que Queremos”, que elegeu Maurino.

As partes terão cinco dias para informar à Justiça os endereços das pessoas que serão intimadas a depor.

“Nesta próxima audiência, provavelmente será encerrada a instrução processual relativa à coleta de provas testemunhais. A partir disso, as partes terão a oportunidade de apresentar requerimentos, para alguma diligência que julgarem necessária, o que pode ser ou não deferido, e, só então, acontecerá a apresentação das alegações finais, pelas partes e pelo Ministério Público, para, finalmente, ser proferida a sentença”, informou o juiz, deixando claro que pretende encerrar a fase de oitivas na audiência do dia 22, mesmo que as testemunhas não compareçam para depor.

Indagado sobre a demora no desfecho da ação, já que neste mês de setembro completa um ano da instauração do processo, o juiz Cristiano Magalhães disse que tem se empenhado para dar agilidade ao rito processual; no entanto, segundo ele, houve algumas situações que acabaram comprometendo o ritmo, como foi o caso do encaminhamento do processo a Belém, por conta do recurso de exceção de suspeição apresentado e retirado posteriormente pela defesa. “Dentro da nossa possibilidade, a gente está marcando as audiências o mais rápido possível pra instruir de forma mais rápida”.

Sem querer apontar uma data para proferir a sentença, o juiz se limitou a dizer que acredita que “o quanto antes”, o processo deve ser julgado. “As pessoas que conhecem o meu trabalho em outros locais, por onde eu passei, sabem que o meu entendimento foi de sempre sair com os processos julgados. Então, a minha expectativa é que o processo seja julgado o quanto antes. Ainda que as partes recorram, eu quero que a população tenha consciência de que o trabalho da justiça de Marabá foi cumprido”, finalizou.

DEFESA TENTOU ADIAR AUDIÊNCIA MAIS UMA VEZ

Antes que acontecesse a audiência desta quarta-feira, na Ação de Investigação Judicial Eleitoral contra o prefeito Maurino Magalhães e seu vice, Nagilson Amoury, o advogado a defesa entrou com pedido de inversão das provas. Na verdade, o documento propunha que a oitiva das testemunhas só acontecesse depois de realizada perícia dos documentos.

O requerimento foi protocolado na Justiça Eleitoral na terça-feira (31), mas foi indeferido.

Explicando o indeferimento, o juiz Cristiano Magalhães disse que o fez com base no ordenamento jurídico. “Esse pedido foi indeferido porque a Lei Eleitoral tem um regramento específico pra isso. Toda perícia ou diligência deve ser feita depois da oitiva das testemunhas. O que queriam era uma inversão desta ordem, o que não se aplica neste caso, razão do indeferimento”.

Procurado pela reportagem, Fábio Sabino de Oliveira Rodrigues, advogado do prefeito Maurino, procurou ser sucinto nas palavras. Disse apenas que o processo está transcorrendo dentro do esperado e que, no mais, está confiante na justiça.

O prefeito Maurino também se pronunciou demonstrando cautela. Garantindo que está está tranquilo, fez questão de posar para as câmeras fazendo sinal de positivo, como querendo dar provas do que estava dizendo. Quando perguntado se confirmaria ou não que gastou na campanha apenas o declarado à Justiça, respondeu com o argumento de que sua prestação de contas foi devidamente aprovada, por isso, não tinha nada a temer.

O prefeito Maurino e seu vice, Nagilson Amoury, são acusados de crime eleitoral pela prática de caixa dois quando concorriam à prefeitura nas eleições de 2008. Após um grupo de empresários do município de Parauapebas apresentar documentos e outras provas incriminatórias contra os dois, foi instaurado processo na Justiça Eleitoral, o qual, se ficar comprovada a denúncia, pode culminar com a cassação do mandato de ambos.

De acordo com a acusação, durante a campanha eleitoral os então candidatos fizeram gastos irregulares com locação de veículos e imóveis, serviços gráficos e outras despesas não contabilizadas na prestação de contas.

O processo foi instaurado em 17 de setembro de 2009 e, desde então, vem se arrastando na Justiça.

A primeira audiência deveria ter acontecido em 26 de novembro do ano passado, mas, na véspera da data marcada, o advogado Paulo de Tarso Anunciação de Melo, que defendia os interesses do vice-prefeito, ingressou com pedido de adiamento da sessão, alegando que seu cliente estava impossibilitado de depor, por problemas de saúde.

Em face do pedido, o juiz Cristiano Magalhães marcou nova data para a audiência – o dia 2 de dezembro. Mais uma vez, a defesa pediu adiamento. Informou que precisou trocar de advogado e esse não dispôs do tempo necessário para analisar o processo.

A sessão foi novamente adiada e a audiência seguinte ficou marcada para cinco dias depois. Deveria ter acontecido em 7 de dezembro, mas não aconteceu porque, desta vez, o advogado Mauro César Santos, que defendia os interesses do médico Nagilson Amoury, interpôs recurso de “exceção de suspeição” contra o juiz Cristiano Magalhães. Alegou que o magistrado não preenchia todos os requisitos necessários para conduzir a ação e, por isso, deveria ser substituído.

O caso foi parar no Tribunal de Justiça do Estado (TJE), mas antes que fosse julgado o recurso de “exceção de suspeição”, o vice-prefeito Nagilson Amoury decidiu voltar atrás e retirou o pedido, trazendo o processo novamente para a mesa da primeira instância.

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