Um misto de dúvida e medo. Este é, precisamente o sentimento que acomete as centenas de famílias que desde o último sábado (18/09) estão ocupando a área denominada Invasão da Infraero, na altura do Km-2 da Rodovia Transamazônica, no complexo Cidade Nova, em Marabá. A área, pertencente à União, estava reservada à Associação dos Flagelados e Sem-Teto da Região de Marabá (AFTRM), para um projeto habitacional destinado aos associados da entidade, mas foi invadida na semana passada. Ao tomarem conhecimento de que o terreno estava sendo invadido, muitos dos associados correram para o local e passaram a loteá-lo também. Agora, a área está dividida, entre os que se dizem seus legítimos proprietários, no caso os associados à AFTRM, e aqueles que eles consideram “invasores”.
Tanto um grupo quanto o outro estão apreensivos. Os primeiros temem ver ir por água abaixo o sonho da casa própria que eles vinham alimentando, uma vez que a área estava destinada à construção de um conjunto habitacional, através do projeto “Minha Casa, Minha Vida”, do Governo Federal. Os outros vivem sob a ameaça de que serão despejados a qualquer momento por força de liminar de reintegração de posse.Seja como for, no local, o que não faltam são boatos. Um deles dá conta de que o presidente da AFTRM, Valdecir Martins da Cunha, o Valmar Rossy, teria abandonado o barco e desaparecido. Alguns chegaram inclusive a comentar que ele teria desaparecido porque cadastrou gente demais para o projeto habitacional, recebeu a contribuição mensal, e agora não saberia mais como fazer para acomodar todo mundo. De fato, a sede da associação, localizada nas proximidades do Sesi, no núcleo Cidade, está desde o último sábado fechada. Um outro escritório da AFTRM, instalado na própria área da ocupação, também encontra-se fechado e ninguém há que responda pela entidade.
“Eu acho que nesse momento ele [Valmar Rossi] tinha que estar aqui, do nosso lado e não deixar a gente assim, desamparados. Aqui tá todo mundo sozinho, sem saber o que fazer”, queixou-se o sem-teto Leandro Neves da Silva, 38 anos, apresentando o carnê com a contribuição mensal de 10 reais que ele paga à associação todo mês e um outro recibo no valor de R$ 700,00, referente a certa “taxa estatutária”.
Em contato com a SPU (Superintendência de Patrimônio da União), em Belém, o blog recebeu a informação de que as providências necessárias já estão sendo tomadas, no sentido de reverter a situação. O caso já estaria, inclusive, a cargo da Controladoria-Geral da União (CGU).
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