O tempo de graça acabou para boa parte das famílias que residem em áreas alagáveis, em Marabá. Na manhã desta terça-feira (22), as águas do rio Tocantins atingirão, finalmente, segundo previsão da Eletronorte, a chamada cota de alerta (10 metros na régua fluviométrica), começando a fazer desabrigados em larga escala.
Ontem, no final do dia, a régua estava em 9,88 metros e, segundo a Eletronorte, a previsão para hoje é de 10,40 metros, o mais alto nível já atingido este ano.
Sob o implacável rigor do inverno, o drama dos flagelados não é em nada diferente do de formigas, cobras e cupins que povoam as várzeas do Itacaiunas. É que a esta altura do ano e com as previsões de enchente batendo à porta desde o mês de janeiro, a prefeitura ainda não construiu sequer um palmo de cobertura para acomodar os possíveis desabrigados. Diante disso, não é de admirar se muitos moradores forem encontrados esta semana com os móveis na cabeça.
Para o coordenador da Defesa Civil, Joab Barbosa Pontes, o Joab Bombeiro, a situação é preocupante, mas a entidade não pode fazer nada. Segundo ele, a construção dos abrigos está a cargo da Sevop (Secretaria Municipal de Viação e Obras Públicas) e a demora se deve a entrave no processo de licitação para contratação da empresa que fará os barracos.
Conforme divulgado no boletim informativo da prefeitura desta semana, a administração municipal começaria a construção de 300 abrigos nesta segunda-feira (21).
Na manhã de ontem, o jornal esteve no Porto das Canoinhas, na Vila Canaã, a popular Vila do Rato, na Marabá Pioneira, onde estão localizadas as moradias em nível mais baixo, e constatou que pelo menos três famílias já deixaram suas casas por conta da enchente.
O rabeteiro Domingos Pereira Marinho foi um dos primeiros. Ele pendurou parte dos móveis e retirou-se na última sexta-feira (18) com a mulher e os três filhos para a casa de um conhecido. A casa fica só um pouco mais acima da margem do rio e pode também ser alcançada pelas águas.
No domingo, outro morador, conhecido no bairro pelo apelido de Zé Bola, também foi expulso pelas águas, retirando-se para a casa de um parente.
Perguntamos a Domingos Marinho para onde ele vai caso a enchente chegue à casa onde ele está provisoriamente. E ele respondeu em tom de desabafo: “Só tem um meio pra nós – jogar as coisas no meio da rua”.
Quem também está aflita com a ameaça de ser desabrigada e não ter para onde ir é a manicure Maria Joana da Silva. Ela mora no final da Getúlio Vargas, a única rua da Vila do Rato. Na manhã de ontem, as águas do Tocantins estavam a pouco mais de um metro do batente da casa. “Não temos para onde ir”, lamenta a moradora, que mora com a filha e três netos.
Joab Pontes, da Defesa Civil, garante que não há outras famílias além dessas desalojadas na cidade. Isso no dia de ontem. Hoje, obviamente, não é seguro fazer a mesma afirmação.
Segundo Joab, ele tem feito rondas pelas áreas baixas para constatar a situação das famílias.
Na ausência de abrigos oficiais da prefeitura, muitas famílias certamente vão se arranjar em barracos improvisados pelos próprios moradores ou em galpões, escolas e até posto de gasolina, como já ocorreu em outras ocasiões.
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Um comentário:
"Sob o implacável rigor do inverno, o drama dos flagelados não é em nada diferente do de formigas, cobras e cupins que povoam as várzeas do Itacaiunas."
É assim mesmo que a prefeitura trata os desabrigados, como insetos que não merecem a menor consideração. Uma vergonha.
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