Foto: Tuerê



NOTAS SOBRE:


"A maior necessidade do mundo é a de homens; homens que não se comprem nem se vendam; homens que no íntimo da alma sejam verdadeiros e honestos; homens que não temam chamar o pecado pelo seu nome exato; homens cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao polo; homens que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus" - Ellen G. White.



segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

GENTE LARGADA COMO BICHO NA PIONEIRA

Famílias estão apinhadas num arremedo
de tapera, sem teto, na Marabá Pioneira
Espremidos debaixo de um pedaço de plástico preto ou em cubículos improvisados, dividindo espaço com cães, gatos e galinhas, os flagelados da enchente que estão na Feira Álvaro de Barros, a popular Feirinha, à entrada da Pioneira estão vivendo como bicho esses dias de rigoroso inverno, em Marabá.

Ali, eles não sabem o que é água potável, saneamento básico ou assistência social.
A Feirinha, segundo a Defesa Civil, tem capacidade para abrigar até 220 famílias. Mas a administração municipal tem relutado em levar os flagelados para lá porque o local não é extremamente seguro no caso de uma enchente de grandes proporções. Este ano, em cima da hora a prefeitura resolveu transformar o local em abrigo. Em janeiro deste ano, denunciamos a situação deplorável em que se encontrava aquele prédio público, totalmente deteriorado pelo abandono da administração municipal. Além do mato ao redor, o prédio estava, quando visitado pela reportagem, com o telhado totalmente destruído e várias paredes caindo, literalmente, aos pedaços.
Para poder receber as famílias flageladas, a prefeitura mandou limpar o mato e começou a recuperar o telhado. Mas o trabalho até a tarde de ontem estava pela metade. Com isso, muitos dos desabrigados tiveram que improvisar, eles mesmos, algum tipo de cobertura para não ter que dormir no sereno, dentro da Feirinha.
Quando chove, é um drama. Embora tenham deixado suas casas fugindo da água, os flagelados descobrem que, definitivamente, não estão de todo livres dela.
Na noite de sábado para domingo, várias famílias já estavam no local quando caiu o temporal. “Foi um aperreio medonho”, comentou um dos flagelados, morador da Travessa Pará. Ele está na Feirinha com a esposa, filhos e netos – um total de 11 pessoas. Uma das filhas ainda está se recuperando de uma cesariana que fez no dia 19 deste mês de fevereiro.
Na Feirinha, cada um se arranja como pode. A prefeitura improvisou quatro privadas, mas elas foram deixadas sem porta e o barreiro está erodindo, com a armação de compensado que forma as paredes da cintina quase caindo no buraco.
Até esta segunda-feira, também não tinha energia elétrica na Feirinha. Na manhã de ontem, homens da Celpa estiveram no local e religaram a luz, a pedido da prefeitura.
Apesar de todo esse desconforto, ainda tem gente que faria qualquer coisa por um espaço assim. É menos dramático que dormir no meio da rua, avaliam alguns.
O poster acompanhou o drama de uma mãe em busca de um pedaço de chão para se abrigar na manhã desta segunda-feira. Marinete da Costa Souza, mãe de três crianças pequenas, foi à Feirinha à procura de um espaço. Enquanto conversava caminhava pelo pátio da Feirinha, com um bebê de poucos meses no colo, as formigas de fogo atacavam os outros dois que seguravam a barra de sua saia.
A casa de Marinete, no final da Magalhães Barata, foi invadida pela água no final de semana. Ela disse que foi à Defesa Civil para pedir ajuda, mas lá informaram que não tinham como construir o barraco, apenas poderiam dar o plástico.
Com a ajuda de uma amiga, a mãe flagelada conseguiu um espaço no pé do muro da Feirinha. Agora, falta a madeira para que ela improvise o abrigo.

Nenhum comentário:

Arquivo do blog