Foto: Tuerê



NOTAS SOBRE:


"A maior necessidade do mundo é a de homens; homens que não se comprem nem se vendam; homens que no íntimo da alma sejam verdadeiros e honestos; homens que não temam chamar o pecado pelo seu nome exato; homens cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao polo; homens que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus" - Ellen G. White.



quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

ABSURDOS DO SALÁRIO MÍNIMO

Todos os anos é a mesma coisa. Sempre que o governo anuncia o reajuste do salário mínimo me dá coceiras nos ouvidos. Isso mesmo: coceiras. Ou seria cócegas? Acho que as duas coisas: vontade de rir e de ficar irritado!

Também não é pra menos. Pensar que num País em que tanto se fala em acabar com a miséria seja possível admitir vida digna com um salário de míseros 545 reais é de deixar qualquer um de estômago embrulhado - ou, como diria Ademar Rafael ao estilo bem nordestino de protestar – é de lascar!
O pior é que o mínimo, no âmbito do princípio constitucional, deveria ser suficiente para atender as necessidades do trabalhador e sua família com relação à moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social.
No Brasil, pelo menos 13 milhões de brasileiros fazem malabarismo para sobreviver com essa mixaria. Isso, considerando apenas os aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
Se o assalariado utilizar o seu mínimo, agora de 545 reais, para comprar os itens da Cesta Básica Nacional, ou seja, 4,5 quilos de carne, 6 litros de leite, 4,5 quilos de feijão, 3,6 quilos de arroz (é isso mesmo), 3 quilos de farinha, 12 quilos de tomate, 6 pães, 300 gramas de café em pó, 7,5 dúzias de bananas, 3 quilos de açúcar e 750 gramas de manteiga (custo total de R$ 228,55 na praça de Belém, conforme Dieese), vão lhe sobrar R$ 316,45.
É uma pilhéria achar que com essa ninharia que sobra depois dos gastos com a cesta básica seja possível investir nas demais necessidades do trabalhador e sua família, como moradia, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social.
Mesmo que ele deixe de lado gastos com moradia, educação, lazer e outros meios, não poderá abrir mão de essencialidades como o sal, o sabão, o creme dental, o tempero. Suponhamos que ele reserve 50 reais dos 316 para essas despesas e outras “regalias” (se o dinheiro der), como papel higiênico, sabonete, absorvente, amaciante, água sanitária...
Com um pouco de ajuda sobrenatural vão lhe sobrar R$ 266,00. Desse valor ele vai separar 42 reais para o gás. Sobram-lhe, agora, R$ 224,00.
Imaginemos que a conta de água e a de luz desse indivíduo custem, juntas, 50 reais (mais uma vez estamos cogitando o quase impossível). Agora, ele tem em mãos 174 reais do seu famigerado salário mínimo.
Com esses 174 reais, se o miserável cair no infortúnio de ficar doente e não quiser dar adeus à vida na fila do hospital público, poderá conseguir 6 reais emprestados com o vizinho e completar o dinheiro necessário pra pagar a consulta numa clínica particular.
Já o remédio, se a doença puder esperar, fica para o mês que vem. Se não, pra consulta não ficar perdida, sugere-se fazer um chá da receita e tomar três vezes ao dia. Pode até não curar, mas já é alguma coisa pra barriga.

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