A Câmara Municipal de Marabá pode estar diante de uma crise intestina sem precedentes. A guerra campal em que se transformou a sessão da última terça-feira (20), com vereadores digladiando entre si, e trocando acusações consideradas graves, não apenas arranhou a imagem do Legislativo Municipal, mas colocou o parlamento de Marabá diante de um sério problema. Esta é a opinião quase unânime de quem acompanhou o tenebroso episódio, quando o próprio presidente da Casa e outros dois vereadores por pouco não vão às vias de fato.
“Nós entendemos que as denúncias que foram feitas aqui são graves e precisam ser apuradas, do contrário, a Casa pode ficar desmoralizada”, arrazoa a vereadora petista Antônia Albuquerque, a Toinha.
As denúncias a que ela se refere, e que serviram de estopim para o imbróglio de terça-feira, foram feitas pelo presidente da Câmara, Nagib Mutran, o Nagibinho (PMDB), contra seus pares Antônio Hilário Ribeiro, o Antônio da Ótica (PR) e Gerson do Rosário Varela, o Gerson do Badeco (PHS).
Nagib disse na sessão que Antônio da Ótica está se locupletando na administração municipal, a quem aluga caminhões caçamba de sua propriedade, cadastrados em nome de “laranjas”. Com relação a Gerson do Badeco, o presidente da Câmara o acusa de estar envolvido num esquema de cobrança de propinas existente entre agentes do DMTU (Departamento Municipal de Trânsito e Transporte Urbano).
Ouvido pela reportagem, Gerson do Badeco negou as acusações e disse que Nagib errou e precisa se retratar. “O presidente está tomando uma atitude indelicada. Ele está errado e tem que voltar atrás e pensar no que ele falou”, aconselhou o parlamentar, concordando em que o caso seja investigado.
Antônio da Ótica, sem negar nem admitir fundamento nas denúncias contra ele, se defendeu fazendo uma espécie de desabafo. Disse que votou em Nagib quando ele foi candidato a prefeito, mas não votaria mais. “Aqui, vereador nenhum é pai de ninguém, nem patrão de ninguém. O vereador que não sabe guardar segredo, não serve pra ser vereador. E fazer parte da mesa não quer dizer que é mais vereador que os outros”, declarou ele, dando a entender que Nagib fora seu confidente nas questões que agora lançava aos quatro ventos.
Indagada sobre a contenda entre os vereadores, a vice-presidente da Câmara, Irismar Sampaio (PR), que presidia a sessão no momento dos desentendimentos, considera que foi um acidente de percurso, ocasionado por descontrole dos que o protagonizaram. Segundo ela, houve excessos, que poderiam ter sido evitados, sobretudo em respeito às pessoas que estavam participando da sessão e não tinham nada que ver com aquilo.
Se referindo à postura de Nagib, como representante maior do Poder Legislativo, Irismar disse que ele precisa ser exortado. “Diante do que houve, eu acredito que deve haver um redirecionamento, um ajuste, na conduta da direção desse parlamento, porque nós não podemos permitir que questões intrínsecas do colegiado venham ser expostas para a comunidade da forma que foi hoje”, ponderou.
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