O jeito irreverente que o ex-secretário municipal de Cultura, Wilson Teixeira, o Wilsão, encontrou para protestar contra o posicionamento do Poder Legislativo com relação ao Caso Elka, está dando o que falar. Ele encomendou uma pizza, a cortou em sete pedaços e mandou distribuir entre os vereadores que se negaram a investigar a colega de parlamento, denunciada recentemente pelo Ministério Público Estadual. O fato ocorreu durante a sessão ordinária desta última terça-feira (13).
A iniciativa de Wilsão dividiu o parlamento. Enquanto alguns parlamentares procuraram encarar o protesto com senso de humor, outros consideraram a brincadeira uma afronta àquele poder e, por pouco, não chamaram a polícia. Foi o caso do vereador Antônio Hilário Ribeiro, o Antônio da Ótica (PR), um dos que se demonstraram mais contrariados com a iniciativa.
Na sessão desta quarta-feira (14), Hilário pediu ao departamento jurídico da Câmara que analise a possibilidade de responsabilizar Wilsão judicialmente. Foi repreendido por Leodato Marques (PP), que lembrou ao colega ser legítima a liberdade que qualquer um tem de se manifestar. “Este é um espaço democrático. Nós, enquanto vereadores, não devemos proibir ninguém de se manifestar e, sim, zelar pelo direito de expressão de qualquer um nesta casa. Desde que seja de forma pacífica, eu não vejo mal algum”, observou Leodato.
Comentando também o assunto, o vereador Gerson do Rosário Varela, o Gérson do Badeco (PHS), também condenou a atitude de Wilson Teixeira. “Eu concordo que este é um espaço democrático, mas acho que temos que tomar uma postura, senão vão bagunçar esta casa”, afirmou.
Procurado pelo poster, Antônio da Ótica reafirmou sua intenção de punir Wilsão pelo episódio das pizzas. Disse também que o ex-secretário não tem moral para criticar as atitudes dos vereadores. “Quando ele [Wilsão] saiu da Secretaria de Cultura, ele teve que devolver dinheiro. Então, ele não é digno de trazer pizza pra vereador, porque o passado dele é sujo. Quando você tem o passado sujo, não pode falar de ninguém. Agora a minha vida... pode virar de cabeça pra baixo e ver [quem é] o Antônio da Ótica em Marabá”, declarou o vereador. E disparou: “Ele deveria ter saído daqui era preso, algemado. A pessoa pode fazer a manifestação dela aqui no plenário, com faixa e tudo mais, mas ir na mesa do vereador e jogar pizza em cima, prova que o estudo dele não serviu pra nada. O que ele fez é crime. Ele tinha que ter saído daqui algemado. Como falar de uma vereadora se o passado dele é dez vezes mais sujo que o da vereadora?”.
O presidente da Câmara, Nagib Mutran (PMDB), disse lamentar o episódio que ele classificou de infeliz. “Eu não estava presente na sessão, mas fiquei sabendo que foi muito desagradável. Acho que foi uma forma equivocada de protestar. Ele [o Wilsão] é uma pessoa inteligente, tem formação, foi secretário de Cultura deste município, por isso acho que foi uma atitude infeliz da sua parte”, comentou Nagib.
Ouvido pelo poster, Wilson Teixeira disse que pretende levar o caso adiante. Segundo ele, na próxima terça-feira vai voltar à Câmara acompanhado de um grupo de estudantes, para pedir a instauração de CPI que apure as denúncias contra a vereadora Elka.
O poster também procurou a vereadora Ismaelka Queiroz, a Elka (PTB), afinal foi por sua causa que surgiu o protesto de Wilson Teixeira. Ela, entretanto, preferiu não se pronunciar sobre o assunto.
Elka foi denunciada pelo Ministério Público, mas, em votação secreta, os seus colegas vereadores recusaram acatar a denúncia, provocando a crítica daqueles para quem no meio político “tudo acaba em pizza” (em festa), daí a iniciativa de Wilsão de usá-las no seu protesto.
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