A tentativa do prefeito Maurino Magalhães de calar a blogosfera foi o que provocou esta foto em que este jornalista (primeiro à esquerda) aparece com os colegas blogueiros Ribamar Ribeiro Júnior (Contraponto & Reflexão), Pedro Gomes (O Resto do Iceberg), Chagas Filho (Terra do Nunca) e Ademir Braz (Quaradouro).
A foto foi feita em um dos corredores do fórum local, na manhã da última quinta-feira (25/08), logo após encontro dos cinco com o prefeito na sala de audiências da 1ª Vara Cível. A desta quinta-feira seria a primeira audiência na Ação Ordinária de Danos Morais proposta por Maurino contra os citados acima. Em razão da juíza Cláudia Favacho, titular da 1ª Vara, encontrar-se atendendo outra demanda na Vara Agrária, pela qual ela também responde, foi designado o dia 1º de dezembro de 2011 para nova audiência.
MIL DESCULPAS, JOSEPH GOEBBELS
Extraído de O Quaradouro
Em apertadíssima síntese, o Sr. Maurino Magalhães de Lima, prefeito municipal de Marabá, propôs Ação Ordinária de Danos Morais compedido liminar de antecipação de tutela em face dos companheiros Chagas Filho, Ribamar Ribeiro Jr., Pedro Gomes, Laércio Ribeiro e este perigoso responsável por Quaradouro, a pretexto de que, em 20 defevereiro de 2011, o Pedro Gomes veiculou em seu blog (O resto doIceberg) uma montagem na qual Maurino Magalhães aparece “com a mesma vestimenta utilizada pelo exército nazista, identificada pelo símbolo da suástica”, estruturada sobre a figura de Joseph Goebbels, ministro da propaganda nazista do III Reich.
Não é bem assim.
No texto “A reencarnação de Goebbels”, ilustrada pelas figuras, Pedro Gomes diz textualmente:
“A famosa frase: 'Uma mentira dita mil vezes, torna-se uma verdade', é atribuída ao ministro de propaganda nazista, Joseph Goebbels. Dentre outras frases, também destaca-se a seguinte: "Não falamos para dizer alguma coisa, mas para obter um certo efeito".
Quem diria que mesmo após a 2ª Guerra Mundial alguns desses mecanismos de manipulação de massa, criados à época, continuam em pleno uso nos nossos dias. Explico...
O felizardo que ouve o programa 'Bom dia, Prefeito', que vai ao ar diariamente em uma rádio de Marabá, fica até sem saber em qual cidade mora. Tantas são as melhorias divulgadas pela prefeitura que dá até pra acreditar.
Sinceramente, espero que as semelhanças parem por aí”.
A razão do melindre, contudo, parece ter sido a repetição da mesmíssima postagem nos blogs dos demais requeridos, em especial no Quaradouro, de responsabilidade deste requerido, “tendo neste blog uma repercussão maior em razão da quantidade de acessos.”
E vai daí, o procurador do requerente tece uma extraordinária gama de filigranas supostamente jurídicas para insinuar que todos os requeridos inquinaram Maurino Magalhães de “nazista, regime (sic) marcado por atrocidades, guerras e o massacre de milhões de pessoas”, “imputando uma comparação grave ao requerente de partidário do nazismo, de manipulador, de mentiroso, ofendendo a honra, dignidade, moral e imagem do requerente”. Pede, por fim, 100 (cem) salários mínimos decada requerido, a pretexto de danos morais.
Isso exposto, vamos agora por partes, como diriam Chico Picadinho e ocasal que matou e esquartejou o rapaz no motel em Belém.
1. Sobre Joseph Goebells:
O Nazismo ou o Nacional Socialismo designa a política que governou a Alemanha de 1933 a 1945, o Terceiro Reich. O nazismo é frequentemente associado ao fascismo, embora os nazistas dissessem praticar uma forma nacionalista e totalitária de socialismo (oposta ao socialismo internacional marxista).
Após a derrota de Hitler, o nazismo foi proibido na Alemanha, embora grupúsculos de simpatizantes, chamados neonazistas, continuem a existir naquele e em outros países.
Paul Joseph Goebbels (Mönchengladbach, 29 de outubro de 1897 — Berlim, 1 de maio de 1945), orador mordaz e um dos principais nomes do Partido Nazista, tornou-se ministro da Propaganda Nazi em 13 de março de 1933.
Não era analfabeto…
Estudou literatura e filosofia. Foi uma figura-chave do regime, conhecido por seus dotes retóricos. Era um dos líderes políticosnazistas mais destacados que tinham concluído estudos superiores. Teve uma posição correspondentemente importante entre os nazistas.
Num regime que se assumia como absoluto, total, todos espaços que dali por diante circundavam os cidadãos, nas ruas, nos edifícios, nos estádios, nos prédios público e privados, nas fábricas e nas escolas, tudo o que fosse impresso ou que circulava no ar, passou a ser preenchido pelas mensagens, slogans e símbolos do partido nazista e do seu guia, Adolf Hitler.
Nesta cidade pintada com as cores do PR, isso lembra ao leitor alguma coisa?...
Mas, continuemos com a História.
Através de um controle extremamente centralizado de diversas áreas de influência no universo da cultura, a propaganda nazi utilizou os recursos da imprensa e das novas mídias, como o rádio e a televisão. O objetivo era encaixar o Führer como a ressurreição do cavaleiro audaz que abate as forças do mal - o comunismo, o liberalismo, o expressionismo, o judaísmo, expressões diversas de um nocivo antigermanismo -, preservando para o futuro a integridade moral, ideológica e racial dos arianos. Hitler aparece, pois, como a simbiose dessas duas legendas, a do messias e a do herói. Ao deificá-lo ele surgia nas telas do documentário como um divisor de águas da Alemanha moderna. Aquele que com sua determinação inquebrantável afastara as sombras das humilhações passadas (as punições do Tratado de Versalhes) para apresentar ao seu povo um futuro luminoso, radiante, pleno de realizações e imortais façanhas (a aventura do Estado nacional-socialista). Hitler era o Partido Nazista, ele era a Alemanha. Sua tarefa era conduzi-la para dirigir o mundo. Hitler era invencível. Somente ele era um indivíduo, sendo que os demais alemães se dissolviam num imenso mecanismo unido para servir ao seu Führer.
Quem dizia, por aqui, que Marabá estava nas mãos de Deus?...
São de Goebbels frases como:
· Enfiar na cabeça dura das massas a devoção a Hitler, como o deus da nova Alemanha, tornou-se o meu objetivo único.
· A propaganda jamais apela à razão, mas sempre à emoção e ao instinto.
· De tanto se repetir uma mentira, ela acaba se transformando em verdade.
Quem, matinalmente, está mentindo para você, leitor, através de um programa de rádio pago com verba pública?
2. Sobre Maurino Magalhães:
Maurino Magalhães de Lima é capixaba de Itabaiana (ES), onde supostamente nasceu em 06.03.1958. Mas, no prefácio do livro “Vencerou vencer – Maurino Magalhães Sua vida & Sua História” (Ed. Semin, Belém - PA, 2007), à pag. 09 fala-se que:
“lendo passagens de sua vida compiladas por Jonas Borges, é fácil descobrir por que um migrante nordestino, semianalfabeto, chegou ao apogeu de sua trajetória, assumindo o cargo de prefeito do município de Marabá.
"Como todo migrante corajoso e com o objetivo único de ascender àpirâmide social, Maurino se lançou ao mundo em busca de espaço onde pudesse realizar seus sonhos e esperanças, buscando vantagens que no mundo de origem não tinha, com apego apenas às próprias utopias e sonhos.”
Ora, a não ser que tenha ocorrido uma inacreditável e formidável mudança na estrutura geográfica do continente sul-americano, o Espírito Santo pertence à Região Sudeste do Brasil, nada tendo a ver com migrantes nordestinos!
Temos, assim, que o culto à própria personalidade não impede Maurino Magalhães de engendrar farsas, mentiras e até mesmo uma nova geografia...
E como seu “objetivo único” é “ascender à pirâmide social”, buscando“vantagens que no mundo de origem não tinha, com apego apenas às próprias utopias e sonhos”, eis que o autor da presente ação admite-se como alpinista social a valer-se de qualquer escada ou ferramenta, independentemente de qualquer restrição – moral, inclusive.
E se o contexto social não é propriamente um rochedo, mas, comparativamente, um mosaico irregular, com espaços vazios, torna-se fácil para aventureiros de todo calibre infiltrarem-se nos bolsões de vácuo da sociedade e nele movimentar-se ao largo de qualquer princípio ético.
Por isso, não existiu a mais remota intenção de chamá-lo de “nazista”, assim como jamais se pretendeu denegri-lo.
Na verdade, quem deveria queixar-se da comparação, se pudesse, seria Joseph Goebbels.
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