GENTE GRAÚDA NA INVASÃO DA INFRAERO

Invadida há cerca de dois meses, por gente supostamente sem casa pra morar, a área denominada de Invasão da Infraero, em Marabá, não está ocupada apenas por famílias de sem-teto, como era de se esperar. A ocupação está repleta de gente graúda, muitos deles donos de imóveis na cidade, casa e carro na garagem. Quem denuncia são alguns dos associados da AFTRM (Associação dos Flagelados e Sem-Teto da Região de Marabá), entidade que aguardava receber um conjunto habitacional, com promessa de ser construído na área agora invadida.
A denúncia dos sem-teto já havia sido dada por ocasião da invasão, em setembro. Na manhã de ontem (12), o poster voltou ao local e constatou que a informação tem fundamento. Alguns dos invasores estão fechando extensas áreas, muitas delas equivalentes a quatro ou mais lotes, com muro de tijolo, enquanto outros estão construindo casas enormes no local, uma delas com aproximadamente 80 metros quadrados.
Ao abordar as pessoas nas casas e muros em construção, geralmente se constata que o dono não está por perto, ou pelo menos não ousa se apresentar. Mas os associados da AFTRM garantem que há até empresários envolvidos na especulação, um deles, inclusive, teria ocupado, sozinho, 25 lotes.
Ouvido pela reportagem, o titular da Superintendência de Patrimônio da União (SPU), Lélio Costa da Silva, disse que tem informação da AFTRM de que a grande maioria das famílias na área é de sem-teto, algo em torno de 95%, segundo levantamento feito por alto.
“Foi exatamente por ter essa informação, de que quase todos os que estão ocupando a área são pessoas ligadas à Associação dos Flagelados, que solicitamos a suspensão da liminar de reintegração de posse”, afirmou por telefone o superintendente Lélio Costa, acrescentando que, por orientação da Defensoria Pública da União, solicitou à AFTRM a realização de levantamento para identificar quem de fato está no imóvel.
Segundo ele, se forem encontradas pessoas em situação de especulação, o caso será apresentado à Advocacia Geral da União (AGU), para as devidas providências.
O levantamento que está sendo feito deverá ser concluído na primeira quinzena de dezembro, segundo o superintendente.
A chamada Invasão da Infraero, área localizada na altura do Km-2 da Rodovia Transamazônica, no complexo Cidade Nova, foi invadida em 18 de setembro. O imóvel foi tomado de repente por dois grupos de pessoas: os sem-teto ligados à AFTRM, que aguardavam a construção para eles do residencial, e terceiros, a quem chamam de “invasores”, porque se apossaram da área destinada a eles.